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Um bate-papo que virou aula: 21 de setembro, Dia da Luta da Pessoa com Deficiência

Hoje é dia da Luta da Pessoa com Deficiência (PCD). A data foi instituída em 2005, pela Lei Nº 11.133. O dia 21 de setembro foi escolhido porque coincide com o Dia da Árvore e, por isso, ganha o simbolismo do “renascer” e “renovar” das reinvindicações a favor da cidadania e inclusão. Quem propôs a data, em respeito e luta pela participação plena de todos na sociedade, foi Cândido Pinto de Melo, um dos fundadores do Movimento pelos Direitos das Pessoas com Deficiência.


Apoiar esta luta e trabalhar sempre a empatia é importante e válido. Mas, mais do que isso, a visibilidade importa. É por isso que, para falar do assunto, a Zan entrevistou o jornalista Jader Arantes, que é PCD, e que transformou o que era para ser uma entrevista simples em tom de bate-papo, em uma verdadeira aula de responsabilidade social.



ZAN: Pra começar: como você encara essa luta? Como é pra você fazer parte da busca por direitos, políticas públicas e respeito às pessoas com deficiência?


JADER: Primeiro, quero agradecer o convite e agradecer por abrirem espaço para uma questão importantíssima que é a luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Bom, esta é uma pauta muito recente em minha vida. Sou PCD há 24 anos, mas foi só recentemente que despertei para o quão rica e importante esta parte de mim é para minha identidade; e bem ainda mais recentemente que comecei a encarar esta luta. Eu vejo que só tem luta quando se tem também o empoderamento. Acho que ele é uma construção diária: mudança de pensamentos, visões sobre si e indo atrás de muita informação e de gente “igual” a mim (sim, representatividade importa e muito) para trocar vivências e apoio.  

Acho a busca por direitos e políticas muito difícil, é preciso sair da zona de conforto, pesquisar muito, estudar para ter acesso ao que são nossos direitos e ainda ver quais os “aparelhos” são realmente oferecidos pelo Município, Estado ou União. Depois de instrumentalizados, ainda temos que articular, compartilhar a todo momento, pois ainda somos muito carentes nas matérias direitos, cidadania e respeito.


ZAN: Nosso momento atual em relação à sociedade, política e luta das minorias favorece a sua luta?


JADER: Acredito que sim. Este momento é nosso, de todas as pessoas minorizadas; afinal, nunca se falou tanto dos direitos humanos. Precisamos urgentemente deixar nossas inseguranças de lado, nos empoderar, buscar a união, mostrar nossas pautas e ocupar espaços. É muito importante falarmos que existimos e resistimos em outros lugares, comunidades que estão nessa luta... deficientes também são LGBTIQ+, mulheres, negros, indígenas, asiáticos, têm suas crenças e estão em todas as classes sociais.

O reconhecimento de privilégios e como usamos ele é uma reflexão interessante. Por exemplo, reivindicar espaços, direitos e poder (mesmo que seja algo com passos de tartaruga) é algo que consigo por uma série de fatores: minha hemiparesia congênita afetou somente aspectos motores e não cognitivo do meu corpo, tenho uma família que sempre me estimulou, tive a oportunidade de fazer faculdade e estar cursando uma pós-graduação, tenho um emprego, plano de saúde; e pela soma de todos esses fatores, tenho a oportunidade de criticar, questionar e reivindicar diversos direitos, que se tornam meus e dos outros tantos colegas que tenho e não possuem tais acessos.


ZAN: Como você lida com o preconceito? O que mais machuca?


JADER: Este assunto é difícil, porque o preconceito está nas grandes atitudes, falas e, principalmente, nas pequenas ou até mesmo na ausência. Ocupar um não lugar é algo que incomoda muito. O que mais me machuca é a falta de empatia, paciência e de crédito que muitos deixam de lhe dar porque seu corpo é diferente, por ter uma disfluência na fala ou seu comportamento não se enquadrar no padrão. Então, é preciso respeito, saber olhar mais o outro, estar disposto a ajudar (se for o caso) e se colocar como alguém que precisa aprender a lidar com a gente.


ZAN: Quais os principais objetivos da luta da pessoa com deficiência pra você, primeiro como sujeito individual, segundo como parte do coletivo?


JADER: Esta é uma resposta extremamente pessoal, pois me falta articulação para falar por toda comunidade. Acho que nossa luta é muito ampla, mas começa pela tomada de consciência de todos (sociedade, organizações, deficientes, governo) que somos cidadãos de direito e também temos nossas pautas. Nosso objetivo é conquistar... acesso a serviços públicos de saúde com qualidade, autonomia e independência dentro de nossos lares, um sistema educacional mais inclusivo, empregabilidade em organizações interessadas em adaptar suas estruturas às necessidades, representação política e benefícios para facilidade a mobilidade urbana desconto, e também espaços culturais/comerciais preparados para atender todos os públicos. Resumindo: queremos respeito e equidade.

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